sexta-feira, 13 de março de 2009

Aos mais afoitos um alerta: bolsas não se recuperam com o mesmo apetite dos tombos

Entre impressões controversas que este princípio de 2009 oferece, mais uma vez o mercado se depara com sinais de melhora. O temor com bancos que parecia passado voltou no início do ano, mas agora sugere que o pior ficou para trás; ao menos com os eventos dos últimos dois dias. O investidor passa da expectativa de recuperação para o temor novos "fundos do poço" da noite para o dia.

Citi e JP Morgan afirmaram esta semana que as coisas estão melhorando no setor financeiro. Mas além dos bancos, outros fatores também precisam participar para se falar com mais convicção sobre uma inversão de tendência. Sem entrar no mérito do que o mercado precisa para engatar a virada, é importante definir algumas características de como esta recuperação deve ser.

Como vai ser? Já é sabido que a bolsa vai virar antes da economia, pois antecipa movimentos, age com expectativas. Até pelo tamanho desta crise, porém, é consenso entre os analistas que a recuperação desta vez será gradativa. Outra questão de interesse é quem vai guiar a retomada quando ela chegar.Na véspera, um relatório do Citi/Smith Barney traçou o comportamento passado como parâmetro de desempenho futuro. Em uma das passagens, os analistas afirmam que "os retornos mais elevados no futuro devem vir daqueles que apresentam performances históricas negativas".

Matemática simples Um ponto importante é livrar um pouco a cabeça da ideia de que a retomada, quando chegar, puxará as ações para cima da mesma forma que a crise as empurrou para baixo. Na bolsa, pode-se dizer que se sobe de escada para descer de elevador. Há recurso matemático para provar isto. Parece trivial, mas quando alguém fala que perdeu 20% de seu dinheiro com determinada ação, a primeira idéia é recuperar os 20% aos menos para empatar. Mas não dá para se falar de percentual e esquecer o valor, ou melhor, a base de cálculo.


Perdi 50%, preciso de 104%

Se comprei a R$ 50 esta ação, ela passa a valer R$ 40 após perder 20%. Recuperar estes 20% de R$ 40 levaria seu preço a R$ 48. Ainda tenho prejuízo de 4% sobre o investimento inicial. É que a base de cálculo é menor após a perda. Básico, mas muitas vezes esquecido.

Pegando o Ibovespa como exemplo, a ação preferencial da VCP acumula perda de 50,98% em 2009 considerando cotação do fechamento da quarta-feira (11). Para voltar aos R$ 17,93 que abriu o ano precisa recuperar muito mais em termos percentuais, 104%.

Esta simples lembrança reforça o sinal de que o processo de recuperação do mercado será diferente do tombo abrupto proporcionado pela crise. Quanto maior a baixa, mais demorada tende a ser sua recuperação.


Diversificar

Outra questão que vem à tona é a necessidade de se diversificar o portfólio. Não dá para apostar a poupança de uma vida apenas numa cartada. Mesmo se a tendência for mesmo de perda, com maior diversificação o prejuízo será, no mínimo, mais gradativo.

Volta na questão das variações percentuais. Quando mais cai, mais difícil de recuperar. Porcentagem também serve para uma dica básica, lembrada pelo portal MorningStar: para definir o ponto de diversificar seu investimentos, subtraia sua idade por 100.

Vai da idade A quem tem 20 anos, por exemplo, foca 80% de seus investimentos na renda variável; além da idade permitir perfil mais agressivo, tem mais vida pela frente para recuperar uma eventual perda. Por outro lado, um investidor de 80 anos deve destinar somente 20% de seu dinheiro às opções mais arriscadas como ações, privilegiar segurança.

Fonte: Infomoney

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